terça-feira, 6 de agosto de 2019

Sopa Raízes, Rama e Couve-flor

Ontem voltei para casa depois de um fim de semana na casa da minha mãe para encontrar uma casa gelada e uma horta destruída. 
Tinha aquela planta que Marcelinho pegou muda na Floresta da Tijuca, uma flor da fortuna cor-de-rosa que as abelhas amavam, pé de pimenta, coentro, cebolinha, stévia, salsinha, manjericão roxo, sálvia, erva doce, rúcula, pariparoba, capuchinha... 
Que alegria e orgulho sentíamos ao olhar pela da janela da cozinha e ver nosso pequeno pedaço de natureza em meio ao piso do quintal. Por que é que paulista odeia terra e sempre coloca concreto ou piso nos quintais? 
Eu sai de casa na sexta e os meninos me encontraram no sábado. Os cães só passaram a noite de sábado sozinhos, pois voltaram na tarde de domingo mesmo, antes de mim. Mesmo assim, não consigo imaginar o que devem ter sofrido sem a gente. 
Na verdade, consigo. Imagino que ansiosos, com uma saudade desesperada, roeram a grade e destruíram tudo que viram pela frente. Ou talvez estivessem brincando de lutar um com o outro como fazem sempre e rolaram sobre a grade para dentro dos canteiros. Ou quem sabe só estivessem querendo gastar energia. 
Fato é que não restou pedra sobre pedra. Aliás, para não faltar com a verdade: restaram 2 ora-pró-nobis desfolhadas e o pé-de-maracujá xodó de Marcelinho, que por sorte, não havíamos descido ainda. 
Não adianta chorar pela horta derramada. Presto minhas últimas homenagens às guerreiras que sobreviveram tantos meses, nos acompanharam por tantos lugares e tanto nos fizeram bem. É claro, não posso odiar meus cachorros pelo que fizeram, eles não têm culpa se, como eu, precisam sentir a terra fresca sob seus pés.
A palavra agora é resiliência. Devo aprender com a natureza que, mesmo após a mais completa destruição, ainda guarda dentro do solo sementes que germinarão e floresceram, dando os mais belos frutos. 
Para aquecer estômagos e corações, uma sopa deliciosa. Os ingredientes orgânicos comprei no Instituto Chão, perto da casa da minha mãe. Acredito no poder medicinal das plantas e que uma das formas de nos tratar é a alimentação. Na hora de fazer sopa sempre busco incluir folhas, raízes, flores e frutos, para uma nutrição completa e uma experiência sensorial mais interessante. Mas sem muitas regras: uso o que tenho à mão, principalmente os itens mais antigos na geladeira.
Como em nossa sopa eu usei sal, separei algumas cenouras para que Rudá comesse no jantar. Ele amou, comeu muito, eu sei porque saiu tudo na fralda hoje de manhã. 
Até esse ano eu não sabia que as ramas da cenoura eram comestíveis e só as havia visto em desenhos que envolvessem coelhos. Estou completamente apaixonadas por ela, são tão aromáticas e dão um sabor muito especial ao prato. 


Sopa de Inverno
Ingredientes
- Cúrcuma/Açafrão-da-terra (in natura) - uns 3cm - fatiado finamente
- Alho - 5 dentes - fatiado finamente
- 2 litros de água fervente do cozimento de outros legumes/caldo de legumes
- Óleo de girassol - um fio para refogar (uso esse porque não é transgênico como os de milho ou soja geralmente são)
- Batata doce velha na geladeira - picada em pedaços de 3cm
- Cenouras - 5 pequenas - picadas em pedaços de 5cm 
- Couve-flor - metade de uma cabeça- picada finamente 
- Arroz integral - 1 xícara
- Ramas da cenoura - 1 maço - picadas rusticamente
- Limão - 1
Modo de preparo:
Refogue o alho e a cúrcuma no óleo. Quando estiverem dourados, coloque a batata doce e cubra com água/caldo fervente. Espere 5 minutos e adicione as cenouras. Complete com mais água quente. Tempere com sal e pimenta a gosto. Espere 5 minutos e coloque o arroz. Espere 5 minutos e coloque a couve-flor. Espere 5 minutos e abaixe o fogo. Coloque as ramas da cenoura e deixe cozinhar por 5 minutos antes de desligar o fogo. Finalize com o suco de 1 limão. O arroz integral puxa bastante a água, então se deixar pro dia seguinte vai ficar uma papa. 
P.S.: Não sei se precisa falar mas eu não descasco quase nada na minha cozinha. Só se for para fazer purê e mesmo assim reaproveito as cascas para chips (assunto para outro post). Como consumo preferencialmente orgânicos não há problemas, pelo contrário as fibras e vitaminas se concentram mais nas cascas. Se até Rudá comeu com casca, o que impede você?

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