segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Florzinhas pelo corpo

Eu quero muito deitar na grama
Fechar meus olhos e me afundar
Em mim mesma e em todo meu drama
Sem ter que ter hora para voltar

Voltar para essa cidade escura
Para as paredes friamente cruas
E às pessoas, igualmente duras
Trazendo consigo as tristezas tuas

Me afastar do que é conhecido
Daquele chamado ninho
O tempo lá passa sofrido:
Cada segundo, bem devagarinho

Na grama verde e molhada
Eu me tornaria mais feliz
Minha pele seria toda trançada
Com ramos vindos da mesma  raiz

Com o tempo, das sardas minhas
Brotariam flores delicadas
Fantasmas  das ervas daninhas
Em minh'alma incrustadas

Só aí estaria eu livre de qualquer
Mal que ele pode me infligir
Ele que tanto me quer
Não percebeu: só consegue me ferir

Pois quem fere a abelha amarela
Não percebe que fere também
A flor de que gosta,  uma vez que ela
Depende da abelha pra viver bem

Ele que feriu minha abelha querida
Tentando chegar a mim
Abriu em mim dolorosa ferida
Da qual ainda não achei o fim

Eu quero muito deitar na grama
Virar de novo a flor que eu era
Encontrar a abelha que me chama
E me livrar dessa fera

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